Antecipação

a_diante o amanhã
diz hoje
o que já sabe

(Fátima Nascimento)

Foto: Fátima Nascimento     Nascer do sol (Maio/2009), em Miranda, Pantanal do MS.

Má notícia

no café da manhã
além do pão,
violência

a notícia na tv
mistura o leite
com sal

Permissão

viajei
          dentro em mim
o tempo não caducou
          a infância

(Fátima Nascimento)

* Foto captada em Olinda, Pernambuco (março/2010)

Crias do meu jardim

nova rosa
duas flores no jardim-varanda
a mais moça, cerelepe
a outra, encanta há mais tempo

são crias no mesmo vaso
única muda
sob cuidados da mulher-menina.

(Fátima Nascimento)

Foto: Fátima Nascimento

Instinto

aranha tece a casa
e papa a mosca
depois da caça.

(Fátima Nascimento)

Foto: Fátima Nascimento

Choro no Trianon

Nesta terça, dia 28, Projeto Choro & Cia. no foyer do Teatro Trianon, em Campos/RJ. Sob o comando do conjunto regional Carinhoso, a apresentação começa às 20h, tendo a participação de Vinícius Velasco e do Quarteto Regra Três. Entrada franca.

A amiga e jornalista Patrícia Bueno garante que o evento é imperdível!

Meio-dia

A tarde chega
Sem sombra

(Fátima Nascimento)

Desabrochar

Em 25 de setembro/ 2010

Em 21 de setembro/2010

Que bom que as mudanças acontecem! Temos que nos empenhar para que sejam pra melhor. A nossa parte tem que ser feita. Veja esta rosa. No dia 21 de setembro (antes da primavera) ela era um botão que se abria. Hoje ela está aberta, cheia de vida e beleza. A minha parte foi a de cuidar, regar todos os dias, “conversar” com a roseira, usufruir de seu encanto. Na semana que começa a estação das flores ela desabrochou lindamente, como que brindando a Primavera.

Que nossa vida seja assim: um desabrochar permanente da esperança. Que os obstáculos sejam superados e a cada desafio possamos estar fortalecidos, com sabedoria e perseverança, sempre.

Excelente fim de semana!

Fotos: Fátima Nascimento

Cine Jornalismo na AIC

Neste sábado, 25, às 16h, Cine Jornalismo na AIC - Associação de Imprensa Campista (Formosa, 460, Centro, Campos/RJ). Por lá a comédia romântica "Nos bastidores da notícia". Após a exibição, o filme será comentado pela jornalista Patrícia Daldegan.

O Cine Jornalismo, com entrada franca, é promovido mensalmente pela Associação de Imprensa Campista. Fica a dica!

Expressão

na folha branca
a palavra salta
adere às linhas
e se colore de azul

indelével na memória de papel

(Fátima Nascimento)

É primavera!

A primavera me acena
dou um sorriso
convido-a a entrar

floresce vida
canta o vento

brilha mais o sol

(Fátima Nascimento)


Mais sobre a primavera nas palavras de Cecília Meireles. Leia clicando aqui.

Criação

o começo do verbo
o fim da ação
no meio um tropeço
muitos sins e nãos
lentidão
rapidez
céu
cinza ou azul
rosa ou preto
amarelo ou branco de nuvens
lápis de cores
na mão de Deus
 
(Fátima Nascimento)

Foto: Fátima Nascimento        Em Paraty/RJ

Pré-primavera

Bela manhã!
Ouvi pássaros
e aspirei o perfume da rosa
que desabrocha no jardim-varanda.
O florescer adorna minha paz.

Quase primavera

A primavera chega dia 23 de setembro. Falta tão pouco pra rosa desabrochar… Do outro lado, um botão acompanha a evolução. Em breve chegará a vez dele. Temos que respeitar o tempo da natureza; o tempo de ser criança; o tempo do amadurecimento humano. E ainda a maturidade quando os cabelos embranquecem e uma “criança” retorna e brinca com as linhas desenhadas na pele.

Histórias escritas. Leituras que podemos fazer em nós e nas rosas.

Foto: Fátima Nascimento

Quereres

que o pudor no falar não seja interpretado como descaso
que meu silêncio seja ouvido com atenção
que a direção do meu olhar seja vista
que meu corpo seja novamente tocado no instante depois
que minha voz emudeça a dúvida
que eu me sinta com alguém mesmo sozinha
que eu perceba nesse alguém a vontade de comigo estar
que o dia seja claro e a noite iluminada
que meu caminhar leve até sua estrada
que seu caminhar leve até minha estrada
que nossas estradas se encontrem
que não passemos um pelo outro
que então andemos juntos
que os passos já dados por cada um ajudem a compreender
que o tempo não para pra perguntar o que se quer
que ele passa
que não devemos ser atropelados pelo tempo, mas ir com ele.

(Fátima Nascimento, em 02/01/2010)

Abandono

Quantos passos deu?
Onde esteve?
Onde está o pé que lhe dava vida?
Agora jaz na areia
E o vento delicadamente lhe cobre

(Fátima Nascimento)

Foto: Fátima Nascimento    Nas areias da Praia de Atafona, em SJB/RJ

Aquarela

Olhando desta forma, nossa vida parece uma aquarela. Somos pintura, arte, artistas… sobreviventes. Nosso corpo refletido no espelho d´água, onde nossas cabeças mergulham na areia molhada, embora estejamos literalmente eretos.

Os pés juntam-se, como se cada um de nós tivéssemos quatro pés, quatro pernas, mas em sincronia. Gosto deste (d)efeito.

Assim, refletidos na areia molhada de mar, vejo corpos destemperados de sal

Foto: Fátima Nascimento

Missão

Sem medo
da morte prematura
flor desabrocha.

Texto e foto: Fátima Nascimento

Palavras no mar

 

A onda é a palavra do vento
Se não venta, o mar silencia

(Fátima Nascimento)

Foto: Fátima Nascimento

Obscuros

Versos secretos
Quisera lê-los
Mas o escritor não deixa
São palavras debaixo do tapete
(ou atrás da porta)
A espera do vento que as sopre
Para que nelas pouse outro olhar
Se o vendaval faltar
O escritor, poeta generoso,
Há de confiar seu segredo
À sua poetisa preferida
Que lerá os versos secretos
Diluindo-os em sua emoção
Numa cumplicidade de não revelação
 
(Fátima Nascimento)

Foto: Fátima Nascimento    Porta na Igreja de São Francisco, Olinda/PE

Colheita

 

O verde balança lá fora
Vento se anuncia
O sol vai embora
Volta na sua hora
Lua chega
Escurece
Faço uma prece
Mais um dia a agradecer
Outro apelo a fazer:
Que a noite seja luz
Que o porvir seja calmo
Que o verde se faça presente
Ainda que sem a voz do vento
Bom dia
Boa tarde
Boa noite
Não sejam palavras vãs
Início, meio, fim
Recomeços
Verde amadurece
Hora de comer o fruto:
Esperança

(Fátima Nascimento)

Foto: Fátima Nascimento      Em Olinda, Pernambuco (2010)

Guia

Simpatia de Clodoaldo, guia turístico nos arredores da Igreja da Sé, em Olinda, Pernambuco. Homem que tem muita história pra contar…  Estive por lá em março de 2010.


"(…) Um deserto menino me acompanha
Na viagem (que flores deste caos!)
E em rosa o sol me veste e me inaugura".
(Manoel de Barros)


Foto: Fátima Nascimento

Sentidos

 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 










Vejo um homem a caminhar
entre árvores e rio
Nos ouvidos sua canção preferida
Os demais sentidos
a absorver a magia do lugar
Nos troncos, seu tato
Cheiro de verde e terra no ar
Olhos de contemplar
sem sequer uma formiga não-ver
Em sua boca o picante e doce
sabor de paz
Natureza-mãe alimenta
o homem.

(Fátima Nascimento)
 
Foto: Fátima Nascimento   Em Miranda, Pantanal do MS.

Garça que inspira

garça é paz
também Saudade
leio em seu longo pescoço.

(Fátima Nascimento)
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“Meus caminhos
a garça
redime”.

(Manoel de Barros)

Foto: Fátima Nascimento    Em Miranda, Pantanal-MS

Mistura

 

Na praia
fiquei a observar
um homem e o mar
que pareciam conversar.
Ele dizia coisas
que eu não ouvia.
Cada quebrada de onda
era uma alegria.
De repente o homem
começou a valsar
e cantar.
Depois sentou na areia,
rente ao mar,
e se deixou molhar.
A mim pareceu
que se brindavam.
Mar e homem
Homem e mar
Numa doce mistura
do que é amar.

(Fátima Nascimento, em 20/11/09)
 
Foto: Fátima Nascimento      Praia de Atafona, em São João da Barra/RJ

Encontro de garças (graças)

Lagoa de Cima, Campos/RJ. Foto: Fátima Nascimento

garças vestem branco
reunidas, pedem
PAZ

Manoel de Barros, o poeta, diz:
“(…) Olhando a garça-ave e a palavra garça
Sofro uma espécie de encantamento poético.”

assim é que todas as garças
lembram a paz do Manoel

e_manoel
Deus (está) conosco

(Fátima Nascimento)

Mar pra peixe?

Pescadores em Porto de Galinhas, Ipojuca/PE. Foto: Fátima Nascimento

 


















o peixe não vem
a rede jaz vazia

a resposta não chega
a pergunta vaga

homens no mar calmo
têm pressa do sustento

(Fátima Nascimento)

Somos passageiros

Somos passageiros no veículo VIDA
o sangue corre, escore
na veia circula e seguimos

desferimos sentimentos
em quem conhececemos
em desconhecidos

compadecemo-nos
da dor estranha
ou dor anônima

fome lá fora
frio nas ruas
sede de Justiça
injustiças soberanas

canta-se pra dentro
pra aquecer o coração
que ainda transborda VIDA

(Fátima Nascimento)

Foto: Fátima Nascimento    Ônibus em Copacabana, Rio de Janeiro

Desejo, necessidade…

A menina vê o mundo
rosa ou de outra cor?
Perguntas sem respostas
dúvidas que calam ou gritam?

Desejar é importante
há quem nada queira
com sonhos afundados em incerteza
pesadelos arregalados no dia

Perguntas importam mais que respostas
Não parar de sonhar
(o desafio)

(Fátima Nascimento)


Foto: Fátima Nascimento

Estrada nova

recomeço no fim da estrada
pisar o desconhecido
romper mistérios
desfazer paradigmas
seguir sem temer
com cautela, sempre
permitir o novo
saborear o doce velho
salgar-se da esperança
imortal
importa prevalecer
com vida

(Fátima Nascimento)

Foto: Fátima Nascimento    Em Atafona (2010), São João da Barra/RJ

Espelho, espelho nosso...

 

Um espelho na água reflete o céu
E duplica o tu-iu-iu
Não mais solitário
Céu acima e abaixo

Bem disse Sarte:
“O inferno são os outros”.

(Fátima Nascimento)

Foto: Fátima Nascimento   Miranda, Pantanal/MS

Pegadas

pegadas
conhecidas
anônimas
de racionais
e irracionais
vejo marcas
são de jacaré e garça
lado a lado
um “não” ao preconceito
da sábia natureza.

Foto: Fátima Nascimento    Pantanal/MS

Pés que falam

Pés no chão em solo do  Mato Grosso do Sul, rentes a um caramujo possivelmente “importado” (um amigo diz ser africano). Hábito diferente: o de fotografar pés. 


Incluo na minha incursão fotográfica patas de animais, pés de pássaros e de aves, além de raízes de árvores. Gosto de registrar o contato com a terra, com o lugar. 


Não seria esta minha prática uma tendência a narrar fotobiograficamente?