20 fevereiro 2015

Variáveis interpretativas d´uma única imagem à luz da teologia

Fátima Nascimento


A imagem ao lado (captada na Bahia, em 2012) fomenta diversas considerações sociológicas. A primeira delas é baseada no pensamento do sociólogo e teólogo Peter Berger, que observa o fato do homem estar em um mundo profano e ainda assim ver coisas sagradas nele e/ou ter pensamentos sacralizados.

            Berger questiona a permanência do sagrado em meio ao profano. Considerando-se tal ideia, vê-se na fotografia que alguém enxergou o sagrado no meio do caos social e escreveu “O Brasil tem jeito: Jesus Cristo a solução”.

            Diferente não foi a percepção da pessoa que captou a imagem. Apesar de viver em um mundo profano, o sagrado interiorizado nela fez com que disparasse o obturador da câmera e exteriorizasse o que via. Afinal, como acentua Berger, toda a realidade é montada a partir de uma visão de mundo sagrado.

            Outra abordagem é quanto ao ex nihilo. Está legitimado na mentalidade de muitos que a solução para tudo está na religião. Logo, quem escreveu o cartaz crê que o fim dos conflitos sociais está em Jesus, ou seja, no sagrado. Este, o sagrado, dá sentido à existência, gesta alegria, sendo, por conseguinte, numinoso – termo cunhado pelo teólogo e filósofo da religião Rudolf Otto.

            Pode-se dizer, ainda, que a imagem representa uma hierofania, i.e., a manifestação do sagrado na terra, no caso em questão por meio da mensagem transmitida no cartaz. Talvez fosse esta a ótica do historiador e filósofo Mircea Eliade, se visse tal cena.
            Destaca-se que a foto revela uma urbanização desordenada: rua mal pavimentada, calçada irregular; e, subjetivamente, os olhares nela parecem vazios de esperança. Em contrapartida, a fala do autor do cartaz é de alguém que acredita que o sagrado colocará ordem no cosmos (cosmogonia).

            Sigmund Freud possivelmente diria que religião é coisa de criança e faria chacota da foto e do que está escrito nela. O historiador Johan Huizinga, contudo, talvez dissesse ser um “jogo”, uma forma de chamar atenção para as mazelas sociais, sendo necessária a entrada em cena de um “salvador da pátria”, que poderia estar representado em candidatos de oposição ao atual governo.


            Enfim, são inúmeras as nuances filosóficas e sociológicas da imagem captada. 



* Análise sócio-teológica de imagem integrante do ensaio 
fotográfico "Marcas na Calçada", de Fátima Nascimento

05 fevereiro 2015

Mudar para progredir

Estou lendo "Cristianismo Puro e Simples", de C.S. Lewis. Li um trecho do livro que faz muito sentido, a saber:
"Todos nós queremos o progresso. Progredir, porém, é aproximarmo-nos do lugar aonde queremos chegar. Se você tomou o caminho errado, não vai chegar mais perto do objetivo se seguir em frente. Para quem está na estrada errada, progredir é dar meia-volta e retornar à direção correta; neste caso, a pessoa que der meia-volta mais cedo será a mais avançada".
Dentre as diversas reflexões que fiz, destaco em relação aos usuários de drogas. Quem usa DROGAS pegou o caminho errado, deixou de progredir em relação ao estudo, trabalho, família etc. Se seguir na drogadição, ficará mais longe do progresso. Tem que DECIDIR MUDAR A ROTA e admitir que vacilou.

E a sua reflexão, qual é?

Quando o grito interior sai de casa

Em casa, o direito ao berro devia ser universal. Em regra, portas e janelas alheias espreitam, assombradas. É preciso saber muito de si para...