14 novembro 2014

Manoel de Barros: o grande menino poeta

Na vida há momentos que temos vontade de eternizar em nossa memória. Acontecimentos que a cada recordação é como se voltássemos no tempo e de alguma forma revivemos a emoção daquele instante, como se atemporal fosse. É assim que me sinto quando falo, leio ou escrevo a respeito de Manoel de Barros, o poeta pantaneiro que se tornou universal.

A notícia da morte de Manoel de Barros nesta quinta 13/11/14, aos 97 anos, trouxe-me tristeza e contentamento. Explico o antagonismo: triste por saber que sua família, especialmente sua esposa, chora um choro sentido de quem perdeu partes dela mesma. Contentamento no viés da gratidão a Deus por ter sido agraciada pela oportunidade ímpar de ter estado ao lado daquele grande menino, em Campo Grande/MS, no ano de 2009, quando ele estava com 92 anos; bem como por conhecer sua obra e ser fisgada pelo seu estilo original e puro.

Tive o privilégio de em outubro de 2009, realizar a exposição fotográfica "Dois Olhares" em parceria com Manoel de Barros, na cidade de Campos/RJ. Meu olhar fotográfico acompanhado do olhar poético do Manoel. Ele, gentilmente, me autorizou - por escrito - a utilizar fragmentos de sua poesia na mostra de fotos.

Após ter estado com ele (em sua casa) escrevi o texto "Manoel por mim" (ele escreveu "Manoel por Manoel") que transcrevo abaixo, de forma a registrar mais uma vez a minha ternura e admiração pelo tão querido Manoel de Barros, homenageando-o.




Manoel por mim
Estive face a face com uma criança de noventa e dois anos. Não é ficção. Manoel de Barros é o seu nome. Manoel não é só humano. Ele é a poesia em forma de gente.  Seu jeito diferente de ser, de ver e de viver faz dele uma pessoa sem igual. Um homem que tem o elixir da infância na poesia. Homem-menino que se mantém criança para brincar com as palavras, para usá-las sem regras, sem imposições semânticas. Um herói da agramática que quebra regras corajosamente.

Ele abriu sua casa e nos recebeu com o sorriso de menino peralta. O que será que pensou naquele momento? Viu mulheres ou viu crianças? O olhar do Manoel deforma as coisas e pessoas. Ele desconstrói para captar a essência dos seres animados e inanimados. Ou será que capta pra então desconstruir?

Fiquei ao seu lado. Na mesma poltrona. Quando olhei pra ele de soslaio, vi que meu gesto era o mesmo dele: pernas cruzadas e uma mão segurando a outra. Por um momento pensei o quão seria bom se a poesia fosse contagiosa. Desejei que em minhas veias corresse a pureza d´alma que exala dos poros daquele ser estupidamente cândido e inteiramente poeta. Não que eu quisesse ser ele, mas quis sua inocência, sua alegria pueril, desejei ser parte de sua vida. E já estava sendo...

O sol acordou em mim. Amanheci. Meu interior é assim. Dentro dele anoitece, entardece e amanhece de repente. Às vezes até chove. Uma tempestade empurra água pra margem de meus olhos. Acontece um transbordamento. Queria que chovesse menos, mas há ocasiões em que a estação é de muita chuva. Agora a luz está de volta. Manoel de Barros acendeu o sol.

Tenho que mantê-lo aceso em mim.


Bonito/MS, 20 de maio de 2009
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Agradeço a Deus pela dádiva de viver e ter a oportunidade de momentos como os que já vivi. Que o Senhor capacite-me a cada dia para enxergar conforme seu propósito. Que Deus conforte familiares e amigos de Manoel. Assim seja!


“Quando meus olhos estão sujos da civilização, 
cresce por dentro deles um desejo de árvores e aves”.
 - Manoel de Barros -

07 novembro 2014

Os mestres da suspeita


Quem aprecia os pensamentos de Marx, Freud e Nietzche possivelmente irá gostar do livro cuja imagem de capa está ao lado.  Os que criticam também deverão gostar da leitura. Abaixo está um resumo que fiz do capítulo 7. O livro "Uma introdução à filosofia da religião" é de autoria de Alessandro Rocha.  Saiba o motivo deles terem sido chamados de "mestres da suspeita". 




CRÍTICA ATEÍSTA DA RELIGIÃO: OS MESTRES DA SUSPEITA
ROCHA, Alessandro. Uma introdução à filosofia da religião. São Paulo: Vida, 2010. pp.127-144.

            Sigmund Freud, Karl Marx e Friedrich Nietzsche são destacados no capítulo 7 do livro “Uma Introdução à Filosofia da Religião”, de Alessandro Rocha. Os três pensadores colocavam a religião e a consequência dela em cheque; desconfiavam da existência de Deus, bem como de quaisquer divindades. Daí serem chamados de “mestres da suspeita”.

            No capítulo Crítica ateísta da religião: os mestres da suspeita, discorre-se sobre as crenças dos referidos pensadores.  Marx, por exemplo, disse que a religião é o ópio do povo. Ele acreditava que ao criticar a religião, a população seria alertada acerca de um sistema manipulador, que deixava – em sua opinião – as pessoas acomodadas, resignadas, inertes. Marx defendia que a filosofia, ao criticar a religião, estava prestando um grande serviço à sociedade.

            Nietzsche teria sido ainda mais contestador, sendo dele a célebre sentença de que Deus está morto. Contudo, ele fala da morte de Deus “como condição para o surgimento do super-homem, ou seja, o ser humano em plena afirmação de sua vontade e potência” (Rocha, p.128).

             Outro pensador crítico da religião foi o psicanalista Sigmund Freud, para quem Deus é uma ilusão infantil. Ele não se preocupou em analisar a existência de Deus, mas, sim, fazer um estudo crítico sobre a razão da existência de fé e religião.

            Freud defendia que os religiosos viam em Deus uma figura paterna, como um pai que acolhe o filho no mundo injusto e cruel. Este paternalismo, afirmava, era prejudicial, vez que causava imaturidade para o enfrentamento de problemas. Por isso, Freud defendia que este pai deveria morrer no imaginário das pessoas.

            Um dos pontos ressaltados por Alessandro Rocha é a assertiva de que não se deve simplesmente repetir as teorias de pensadores que criticaram a religião, devendo ocorrer uma crítica da crítica religiosa daquela época. Sendo a filosofia a permanente busca de conhecimento, não há de se ter como finito ou definitivo um conceito.

02 outubro 2014

Permanência


Gostaria de dizer que esta imagem que fotografei em algum dia do passado não tem voz no presente. Não seria verdade.  Então, gostaria de dizer que quando os eleitos nas próximas votações (05/10/14) assumirem seus cargos, cena como esta não se verá em futuro próximo. Não direi, infelizmente.

24 setembro 2014

Volto já!

Dizem que vontade dá e passa
Quanta vontade de escrever...
Mas agora não dá.

Essa vontade não há de passar (!)

Volto já!
(como a gente vê na porta de lojas)

A primavera é inspiradora!

23 setembro 2014

Marteladas de Nietzsche

Pra quem gosta de filosofia ou precisa estudar a disciplina, um excelente vídeo.


Vida no telhado

noite
ouço pássaros
no telhado
ninho feito
com trato

inquilinos
sem contrato

Fátima Nascimento

17 setembro 2014

Em pauta: Fé e Religião


13 setembro 2014

Boicotando-se


Tem muita gente boicotando-se, como se numa partida de xadrez fizesse jogadas impensadas e facilitasse a jogada do adversário. Como você se posiciona diante de você mesmo? Veja o vídeo e reflita.

Fonte: https://www.youtube.com/watch?v=y-oL031hWOg

12 setembro 2014

É tempo de voltar...

Há quanto tempo não aparecia aqui para deixar um registro. Mas esta fala pode soar boba, pois assim dizem os escritores após longo período de ausência, como que numa breve passagem para passar o espanador nas prateleiras empoeiradas de palavras.

Sinto falta de soltar o verbo neste lugar. Não tenho escrito muito, embora a leitura tenha estado incessante, o que me é comum há décadas. Realmente sou daquelas leitoras que trocam festas por livros, embora nem sempre seja possível, pois sou um ser social, com família e amigos.

Sem querer parecer apelativa, peço aos amigos da escrita e leitura que me "provoquem" a dar as falas (e fotos) por cá. Tantos afazeres diários afastaram-me do meu decano blog. Mas não desisto dele, certamente.

Abaixo um trecho que li esta semana no livro "Ensinando para transformar vidas", na página 26:

"Uma das maiores lições que meu pai me ensinou foi a seguinte: sempre que você estiver perto de uma pessoa importante, fique calado. Abra a boca só para para fazer perguntas oportunas. Sempre que estiver em companhia de gente que sabe mais que você, procure aprender com eles o máximo que puder, e aproveitar-se bem do conhecimento que possuem. Deixe que eles falem e lhe passem tudo que sabem".
(Howard Hendricks)

Tenho "bebido" muitas palavras bacanas. Preciso voltar mais vezes pra compartilhar com vocês. Estou feliz por estar aqui novamente. 

Até breve! (que assim seja!).

09 abril 2014

Teologia

Estou estudando o período intertestamentário, referente ao período de 400 anos entre o Antigo Testamento e o Novo Testamento. É impressionante perceber o agir de Deus na preparação para a chegada de Jesus.

Período Intertestamentário - vídeo - parte 2






Humana

Há momentos em que o cansaço, a decepção, o "não dar conta" sufocam... Nessas horas, eu saio de dentro de mim e esbravejo. E a ves...