03 março 2024

Quando o grito interior sai de casa

Em casa,

o direito ao berro

devia ser universal.


Em regra,

portas e janelas alheias espreitam,

assombradas.


É preciso saber muito de si

para não se alienar ao discurso

de Outros;

 e sustentar o direito à saída 

do grito interior.

05 fevereiro 2024

entremeios

entre
linhas
surge a palavra.

entre
linhas
surge a roupa.

nas entrelinhas,
refugiamo-nos
(ou aparecemos). 

Fátima Nascimento

04 fevereiro 2024

Vulnerabilidade


Sou aquela pessoa que beija os animais; que se compadece ao vê-los abandonados nas ruas ou sofrendo maus-tratos em suas casas (e tenta fazer algo). E por mais que eu cuide dos meus, sou aquela que considera que ainda é pouco... Olho pra eles e vejo carência de atenção e de maiores cuidados quanto à saúde (há sempre mais a ser feito). 

Recentemente, ouvi de uma pessoa (ao ver-me sensibilizada com um gato que precisa de adoção) que "não demora" os meus cães "vão começar a partir" e que - então - ter um outro animal não vai representar muito pet em casa (atualmente, tenho 05 cães e 02 gatos). Entendi sua fala racional; no entanto, como foi triste ouvir sobre o futuro certo.

O gato (que praticamente mora na frente de minha casa) segue precisando de um lar pra chamar de seu. Eu sigo sabendo disso e de coisas que preferiria não saber, mas sobre as quais não posso fugir ou ocultar.

Como é pra você?
 

20 janeiro 2024

Grito interior

Acontece de nos arrependermos do grito porque não merecemos ouvi-lo. Explosões ocorrem e vão contra nossa essência. O berro dado é um apelo de BASTA. Mas como é doloroso saber-se "sem controle". 

Romper o silêncio com exaltação não deveria ser o necessário para ser ouvido (e respeitado).

14 janeiro 2024

Traumas e consequências

"(...) uma criança exposta à violência familiar, encontrará, na vida adulta, dificuldade para estabelecer relacionamentos estáveis baseados na confiança" (Bessel van der Kolk, em O corpo guarda as marcas: cérebro, mente e corpo na cura do trauma).

Amando a leitura da obra do psiquiatra Bessel!

Ele também disse:

"(...) Uma experiência traumática pode se reativar ao menor sinal de perigo, mesmo muito tempo depois de ela ter acontecido, mobilizando circuitos cerebrais prejudicados e produzindo uma quantidade absurda de hormônios do estresse. Surgem então emoções desagradáveis, sensações físicas intensas e ações impulsivas e agressivas. (...)".

Se você se interessa pelo tema, recomendo.

Tantos pensamentos (e entendimentos) a partir dessa leitura. 

09 janeiro 2024

Enigmas

No silêncio, 

as ondas do mar 

ganham voz;

os passarinhos gorjeiam, 

intensamente.

O silêncio revela o que tem importância.


05 janeiro 2024

RespirAÇÃO

Penso que todo jornalista (ainda que há tempo não ativo no ofício) tem uma necessidade latente de expressão verbal (especialmente os que laboravam com a palavra escrita). Ao menos pra mim é assim. 

Ao final do meu trabalho oficial na área de Comunicação Social (2002), estive quatros anos como cronista semanal (voluntária) em periódico impresso da cidade (Jornal Monitor Campista), sendo, na ocasião, agraciada com o título "Jornalista Poeta" porque consideraram que minhas narrativas do cotidiano tinham algum (ou muito) lirismo.

Fato é que, depois da minha fase de comprometida cronista, ao deixar de publicar semanalmente no jornal impresso, estive, efetivamente, um tempo com a escrita poética presente em minha expressão textual. Os novos  leitores (esperança!) poderão verificar isso ao vasculhar arquivos pretéritos.

Embora ame escrever, fui "engolida" por afazeres profissionais de outra área de atuação (Direito), compromissos familiares etc. A consequência - como se vê por aqui - foram fases de intenso silêncio, com algumas tentativas de retomada. 

Talvez esteja escrevendo isso para dizer pra mim mesma que não se deve abandonar o que nos é essencial (e salutar).

Que não seja apenas mais uma "espanada na poeira".

Estou viva e preciso respirar.



Quando o grito interior sai de casa

Em casa, o direito ao berro devia ser universal. Em regra, portas e janelas alheias espreitam, assombradas. É preciso saber muito de si para...