11 fevereiro 2011

Liberdade aos passarinhos

A prisão dos pássaros me incomoda, mas nem sempre foi assim. Tive passarinhos engaiolados quando criança e o passatempo de meu avô era "cuidar" desses bichinhos em gaiolas e manter alçapões no quintal pra aumentar a criação. Naquela época eu não tinha uma opinião formada sobre a limitação que era imposta aos pássaros. Hoje mais consciente e valorizando a liberdade do ir e vir, não ouso prender estes seres.

Prefiro passarinhos livres. Quero-os cantando, colorindo árvores, fiações e o céu. Um "querer" sozinho não pode muito, mas pode ser o começo de uma revolução nos pensamentos e atitudes. Foi assim em Fortuna de Minas, município de Minas Gerais. Uma história que vale a pena contar e vivenciar.

A população de Fortuna de Minas, após o trabalho de conscientização iniciado por um morador, desengaiolou os pássaros. A natureza deu-lhes morada nas árvores e até os postes (obra dos homens) servem de hospedagem, com ninhos contrapondo-se ao concreto.

Pássaros livres para acasalamento, livres para construir seus ninhos e buscar seu alimento. As gaiolas ficaram vazias. Fora delas estão os pássaros de Fortuna de Minas e também os homens que têm a riqueza dos pássaros. A cantoria afinada ganhou volume com o nascimento de novas aves e mais inspiração.

Assim como o poeta Manoel de Barros, eu quero "a palavra que sirva na boca dos passarinhos". Atrevo-me a afirmar que a palavra liberdade é uma delas.


* Texto inicialmente publicado no Jornal Monitor Campista em 20/05/2008.

Um comentário:

Cronicando disse...

Concordo plenamente. Já soltei um casal de periquitos de uma gaiola.
Abraços.
Kenny Rosa (http://cronicandocomvoce.blogspot.com)

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