30 novembro 2010

O inquieto Carpinejar

IMG_7233
Fabrício Carpinejar leu uma de suas poesias na Bienal do Livro

















Fabrício Carpinejar é um cronista que tira de seu cotidiano motivos pra rir, mesmo que inicialmente a vontade dele seja de esbravejar com quem está ao seu redor. O homem também escreve poesia e por esta habilidade foi convidado a falar sobre “Poesia contemporânea” na VI Bienal do Livro de Campos, no dia 14 de novembro/2010, quando dividiu espaço com o poeta Artur Gomes.

Quem quiser acompahar o escritor, que este ano lançou o livro ‘Mulher Perdigueira”, pode ver seu blog em www.carpinejar.blogspot.com .

Curiosa, indaguei Carpinejar sobre a neutralidade de sua roupa (sem muita cor, mais discreta que em outras ocasiões). Ele simplesmente disse que gosta de surpreender. E me surpreendeu. Dele eu li “Canalha!”, livro que ano passado ganhou o prêmio Jabuti na categoria crônica.

IMG_7225
O poeta Artur Gomes na Bienal do Livro
IMG_7239
Fátima Nascimento e Fabrício Carpinejar

24 novembro 2010

Pausa

A palavra está presa
e se refugia no peito
Frágil, ela não se mostra
Cansada, se recupera

A palavra agora não quer falar
por adjetivos e verbos
Mas deseja ser lida
oculta

A palavra está em guerra
luta contra a aridez do descompasso
Quer não dizer,
não se revelar

A palavra pede um tempo
pra ser renovada.

(Fátima Nascimento)

23 novembro 2010

Palavra al dente

água arde
língua quente
ardente
al dente
no ponto de chuva
que reverbera
na terra
e germina
a semente
da mente
que inspira você
água ardente
que aumenta o fogo
entre gravetos
de palavras
e a pá lavra a terra 
do poeta.

(Fátima Nascimento)

21 novembro 2010

Proposta

alinhar seu corpo
na lente rente
ao meu olho

focar seu jeito
despir seu avesso
ver o nu d´alma

se você permitir,
eu o desenho
na imagem que vejo

exponho você dentro
e fora
para que se conheça
inteiro.

(Fátima Nascimento)

Pés que voam

IMG_6965

Os de Moacyr Scliar: médico e escritor na trilha da literatura.


VI Bienal do Livro de Campos em 11/11/2010
Veja outras fotos deste ensaio fotográfico. Clique aqui.

20 novembro 2010

Show poético de Elisa Lucinda

IMG_7118
A atriz e escritora Elisa Lucinda participou da Bienal do Livro de Campos  no dia 13 de novembro. Durante o tempo em que esteve no palco da Arena Cultural, declamou poemas, contou histórias, fez rir e emocionar.

Abaixo um de seus poemas, extraído do site O dom de voar.
IMG_7117


MAR ADENTRO

É preciso chorar. As lágrimas são a chuva da gente, nuvens do nosso tempo íntimo precisam desabar. É preciso chorar, lágrimas são os rios do ser, as cachoeiras da gente, mudam nosso tempo simples, atualizam o nosso mar. É preciso chorar, é preciso à natureza copiar, é preciso aliviar e molhar a seca do coração. Se não chover, vira sertão, morre homem, morre gado, morre plantação. 
Elisa Lucinda

Tal pai, tal filho

Tem escritor mirim em construção na blogosfera. Trata-se de Vicente, 8 anos, filho do escritor Fabrício Carpinejar.

Confira em http://euvibichos.blogspot.com/

18 novembro 2010

Exposição de Wellington Cordeiro

 
Foto: Wellington Cordeiro
Nesta sexta, 19, véspera do Dia da Consciência Negra, será aberta exposição fotográfica de Wellington Cordeiro no foyer do Teatro Municipal Trianon, às 20h, em Campos/RJ.

Em 2008 ele esteve em Angola e certamente algumas fotos captadas durante a excursão fotográfica estarão na mostra em homenagem ao "Mês da Consciência Negra".

Ao lado uma das imagens clicadas em Angola por Wellington Cordeiro.

Vale a pena conferir o trabalho do fotógrafo que, além de talentoso, tem olhar privilegiado.

O espanto e a poesia

IMG_7075
Poeta Ferreira Gullar na VI Bienal do Livro de Campos





















A considerar o dito por Ferreira Gular na Bienal do Livro de Campos, este homem está há 80 anos poeta e vive “espantado”. Segundo ele, “o poeta nasce poeta, mas tem que saber usar o seu instrumento de expressão”. Sobre o espanto, ele explica:

- No fazer poesia a coisa fundamental é o espanto; algo que me surpreende e me revela um aspecto da realidade que eu ainda não havia percebido. O espanto é que gera o poema. Você tem que saber construir o poema – disse Gullar.

A conversa com o escritor aconteceu no dia 13/11, sob o tema “Ferreira Gullar: 80 anos de poesia”. A seguir, outras falas do poeta durante o evento:
“A poesia é uma invenção. Vivemos do que formulamos, do que inventamos”.
“O que crio é uma coisa verbal, o que o idioma possibilita. Eu não posso traduzir, eu posso inventar um poema, frases, mas não é aquilo que aconteceu”.
“Eu me preocupo com o país. As coisas têm que ser feitas com consciência e paciência”.
“A justiça é uma invenção do ser humano porque sem a justiça a sociedade não subsiste”.
“A vida é feita de acaso e necessidade”.

O poeta foi bastante prestigiado. Arenal Cultural lotada, com mediação da professora Arlete Sendra. Abaixo um poema de Gullar.


IMG_7069
Dois e dois: quatro


Como dois e dois são quatro
sei que a vida vale a pena
embora o pão seja caro
e a liberdade pequena

IMG_7073Como teus olhos são claros
e a tua pele, morena

como é azul o oceano
e a lagoa, serena

como um tempo de alegria
por trás do terror me acena

e a noite carrega o dia
IMG_7086no seu colo de açucena


- sei que dois e dois são quatro
sei que a vida vale a pena

mesmo que o pão seja caro
e a liberdade, pequena.

(Ferreira Gullar)
IMG_7060
IMG_7063

17 novembro 2010

O educador Fernando da Silveira

IMG_7200
Fernando da Silveira e Fátima Nascimento
Há pessoas que em determinado momento estão como “hóspedes” em nossa vida e sempre que a gente encontra tem a sensação de que nunca deixaram de estar presentes, apesar da distância física no decorrer dos anos.

Alguém que me passa essa sensação agradável é o querido Fernando da Silveira: meu professor em cursos de Jornalismo (1988-1991) e Direito (1993-1996).

Fiz questão de registrar o encontro casual com o professor na VI Bienal do Livro de Campos, no dia 14/11, como demonstração de meu carinho e respeito pelo homem e educador Fernando da Silveira, defensor da ética no jornalismo e na vida.

16 novembro 2010

15 novembro 2010

Amor demais em Vinícius

IMG_6979IMG_6984IMG_6981IMG_6987

José Castello e Zezé Motta na VI Bienal do Livro de Campos, ocorrida entre os dias 05 e 14 de novembro/2010. O tema da dupla foi “Vinícius de Moraes e o amor demais”.

Castello foi o primeiro autor a publicar a biografia de Vinícius de Moraes. Um homem que tinha a necessidade de estar apaixonado para escrever seus textos, daí ter casado inúmeras vezes.

Zezé Motta declamou algumas poesias de Vinícius. A participação deles ocorreu no dia 11.
Eu não existo sem você
Eu sei e você sabe, já que a vida quis assim
Que nada nesse mundo levará você de mim
Eu sei e você sabe que a distância não existe
Que todo grande amor
Só é bem grande se for triste
Por isso, meu amor
Não tenha medo de sofrer
Que todos os caminhos
Me encaminham pra você
Assim como o oceano
Só é belo com luar
Assim como a canção
Só tem razão se se cantar
Assim como uma nuvem
Só acontece se chover
Assim como o poeta
Só é grande se sofrer
Assim como viver
Sem ter amor não é viver
Não há você sem mim
Eu não existo sem você

Vinícius de Moraes

Ah, o tempo…

 IMG_3051
… em breve será Natal de novo.

Monitor Campista: um ano de silêncio

Neste 15 de novembro de 2010 completa um ano do fechamento do Monitor Campista. Após 175 anos de história, o terceiro jornal mais antigo do país foi calado. Diversos profissionais da imprensa estão publicando textos no blog Viva Monitor, surgido ano passado a fim de mobilizar a sociedade para impedir o "assassinato" do jornal. Não adiantou. Houve a luta de alguns. Mas foi pouco o tempo permitido para alistar "soldados".

A minha colaboração neste dia ao blog Viva Monitor foi encaminhada. Fiz um singelo poema. Trabalhei dois anos no Monitor Campista, mas a minha passagem por lá foi tão marcante que eu poderia multiplicar por 10. Após ter saído do jornal, em junho de 2002, fui convidada a colaborar como cronista semanal, o que fiz durante quatro anos e foi uma etapa importante, pois passei a exercitar a prosa poética.

O Monitor Campista "morreu" fisicamente, mas continua muito vivo em nossas mentes e carreiras. Ainda sonhamos com a sua volta.


Guerreiro de papel

cento
e
setenta
e
cinco
anos
o tempo
passou
e passa
faz parte da vida
e da história
mas pra permanecer vivo
lutou
ele se vestiu do novo
em qualidade cresceu
não adiantou
foi despido de palavras
memória nua
apagada
afrontado indefeso
assassinado
no dia 15 de novembro de 2009
mataram o Monitor Campista
jornal centenário no tempo
guerreiro de papel
terceiro filho da imprensa no Brasil

(Fátima Nascimento)

Mia Couto e Agualusa na Bienal do Livro de Campos

 IMG_7000

Registro do blog da presença dos escritores Mia Couto (Moçambique) e José Eduardo Agualusa (Angola) na VI Bienal do Livro de Campos. Eles falaram sobre “Leituras da África Contemporânea” no dia 12/11/2010, com a mediação de Rita Maia. 

“Ouvir um livro como quem escuta a própria vida. Isso é muito trazido do Brasil”, disse Mia Couto quando falou da literatura brasileira e a influência dela em sua obra. E acrescentou: “O escritor começa quando é capaz de escutar aquilo que são os silêncios dos outros”.

Quem conhece a obra do Mia Couto sabe o quanto a prosa poética está presente em seus escritos. Suas respostas confirmam tal preferência. Há poesia em suas palavras. Há um transbordamento de originalidade e sentimento em sua fala.

Em um diálogo entre personagens no livro Antes de nascer o  mundo, seu mais novo romance, é dito: “Ninguém é de uma raça. As raças são fardas que vestimos”. E noutro trecho: “… essa farda se cola, às vezes, à alma dos homens”.

A participação de Agualusa e Mia Couto foi um dos pontos altos da programação da Bienal do Livro de Campos, encerrada dia 14/11/2010. 

IMG_7006
José Eduardo Agualusa, escritor angolano

IMG_6992
Mia Couto, Agualusa e Rita Maia, mediadora do encontro

IMG_6993
Mia Couto, escritor moçambicano

14 novembro 2010

13 novembro 2010

Soletrando-se

aeroportoas palavras escorrem
dos dedos
unidas
versam em versos
sobre nada
e tudo
piram
inspiram
brotam da mente
desmentem
cansadas
elas repousam
na tela,
antes vazia,
preenchem o vácuo
do eu
pontuo
o final
não definitivo
apago o ponto, prefiro
nada termina
tudo começa
palavras escapam
e me letram
soletram

(Fátima Nascimento)

A descoberta do outro na literatura

IMG_6960
Suzana Vargas e Moacyr Scliar no Café Literário da Bienal do Livro de Campos




















“O exercício da medicina ajuda a literatura”, disse o médico e escritor Moacyr Scliar na Bienal do Livro de Campos. Autor de pelo menos 81 livros, Scliar falou, dentre outros assuntos, do conciliar a medicina com a a escrita literária.

Segundo Scliar, os pacientes o ajudaram na função de escritor: “A medicina parte de uma história”. Quando alguém procura o médico conta o que está sentindo e cria fantasias em relação à doença. “É interessante a maneira como as pessoas vivenciam sua doença (…). O trabalho do escritor completa o do médico”.

- A literatura nos ensina a descobrir o outro. Na medicina ocorre a descoberta do outro, doente  - falou o médico e escritor.

Indagado (por mim) sobre a razão do crescimento da dependência química, tanto em relação a medicamentos como em relação às drogas não lícitas, Scliar atribuiu essa realidade à necessidade que muitos têm de “preencher o seu vazio interior, colocar alguma coisa pra dentro”. E disse mais: “Reflete o desamparo em que vivem as pessoas na sociedade”. 

O autor ressaltou que a psicanálise pode ajudar fazendo com que as pessoas se dêem conta do que está acontecendo com elas e reajam positivamente, numa “expressão dos conflitos através das palavras. Na medicina a palavra é terapêutica; na literatura, é estética”.

Moacyr Scliar participou da Bienal do Livro de Campos no dia 11 de novembro, com o tema “O texto ou a vida: aventuras de um médico escritor” e mediação de Suzana Vargas. O evento prossegue até 14 de novembro, no Centro de Campos dos Goytacazes/RJ. Veja a programação AQUI.

IMG_6971
Moacyr Scliar e Fátima Nascimento
IMG_6958
Moacyr Scliar

Um Titã na Bienal do Livro

 IMG_6915

“Viajando na língua portuguesa” foi tema do Boteco Literário, dia 10, na VI Bienal do Livro de Campos. Participações da professora e poeta Edinalda Almeida e do músico e escritor Tony Bellotto, que apresenta na TV Futura o programa “Afinando a língua”. A mediação ficou por conta da jornalista Cecília Costa.
Bellotto destacou a importância de que os pais levem as crianças em livrarias e que tenham livros em casa. “É preciso ler para as crianças”, aconselhou o músico-escritor.

A dupla Edinalda e Bellotto foi perfeita. O debate foi descontraído, com perguntas da plateia. Um belo momento da Bienal do Livro de Campos que termina dia 14, domingo, com entrada franca.

Veja a programação AQUI.

IMG_6929 IMG_6932

10 novembro 2010

Lançamento: “Escravidão & Abolição”

IMG_6942
Hélvio Cordeiro e Fátima Nascimento na Bienal do Livro
Hélvio Gomes Cordeiro lançou na Bienal do Livro de Campos nesta quarta-feira, dia 10, o livro Escravidão & Abolição. Hélvio é um pesquisador incansável. Tive a chance de conviver um pouco mais com ele durante o tempo em que trabalhei no jornal Monitor Campista, onde atuou como revisor e responsável pelo arquivo do centenário jornal.

Foi uma satisfação prestigiar o amigo em mais uma etapa de sucesso em sua vida. Outro livro de Hélvio – também histórico – é Carukango O Príncipe dos escravos.

09 novembro 2010

Além dos livros

Uma bienal do livro encanta não apenas pelos livros, seus autores e programação cuidadosamente elaborada. Há histórias não ficcionais nos corredores, nos estandes, nas salas de debates, nos espaços de shows. Há vidas que desabrocham entre livros, que se vêem nas entrelinhas de pensamentos de conceituados ou menos conhecidos escritores. E como é bom ouvir a voz de quem lemos, ter a chance de fazer perguntas, interagir, sorrir com eles e se emocionar.

Filas de autógrafos após as conversas literárias são comuns. A de Luís Fernando Veríssimo, na Bienal do Livro de Campos, formava uma frase bem grande, quero dizer, uma carreira enorme de leitores. Num certo momento ele autografou para uma leitora cega que se aproximou dele com uma encadernação em braile. O autor ficou um tempo sem fala nos dedos, deslizou a mão na folha e perguntou se poderia escrever na primeira página. Ela respondeu que poderia ser em qualquer lugar. Veríssimo deixou sua marca no caderno  onde o relevo é o intérprete do escritor e sua dedicatória não será vista pela fã, mas “sentida”. 

É preciso transpor as barreiras entre homens, educação e cultura. A criança que mendiga nos semáforos, os pedintes das esquinas que ficam enquanto passamos têm direito ao saber, ao entretenimento, ao cultivo da sensibilidade por meio dos livros. Impossível? Não, não é.

Estava eu no Café Literário, acompanhando um tributo à escritora Rachel de Queiroz, quando vi um senhor entrar na sala. Eu já o conhecia. Tratava-se do “homem do sinal”, um vendedor de guloseimas que já me inspirara a escrever um poema (leia). Ele sorriu pra mim (como faz no vermelho do sinal de trânsito), estendeu-me a sua mão e perguntou se sou jornalista, pois me viu com a câmera fotográfica e um bloco de anotações.

O que sou? Uma privilegiada. Não apenas por participar de um evento desse porte, mas especialmente porque meu olhar está além da visão. É assim que a gente se alegra com o que parece apenas mais um detalhe e permite que a nossa história não seja um monólogo. Não somos as únicas vozes.

(Fátima Nascimento)


IMG_6881
Luís Fernando Veríssimo quando
foi autografar a encadernação
em braile de sua fã
Foto: Fátima Nascimento

Bienal do Livro: sobre jornal impresso e internet

IMG_6888
Jornalistas Vítor Menezes e Cora Rónai na Bienal do Livro de Campos

“Eu não sei quanto tempo mais o jornal vai ser feito em papel (…). Os online são filhos do jornal impresso”, disse a jornalista e colunista do jornal O Globo, Cora Rónai, ao falar sobre “Jornal e Internet: uma morte anunciada?”, na Bienal do Livro de Campos, com a mediação do jornalista Vítor Menezes, do blog Urgente!.

Cora defende a permanência do jornal impresso, mas reconhece: “O primeiro lugar que a gente está obtendo a notícia é na internet, mas eu não vejo o fim do jornal impresso para um futuro muito próximo, não”.

Otimista, a jornalista acredita na convivência entre os dois veículos, sem que um prejudique o outro:  “O impresso e a internet eu diria que foram feitos um para o outro, quase”. E acrescentou: “O grande caminho do jornalismo de um modo geral é a opinião. O que vai fazer que as pessoas busquem o jornal é mais a opinião”.

Indagada sobre o fim da imparcialidade do jornalista nesta tendência pela escrita e leitura opinativa, Cora defendeu a isenção no jornalismo, explicando que a opinião ocorre, por exemplo, nas colunas e artigos. “Eu sou paga pra dar o meu pitaco”, brincou. O jornalista nas reportagens tem que continuar neutro”.

Cora Rónai participou do Boteco Literário na segunda, dia 8 de novembro. O público teve a oportunidade de fazer perguntas à jornalista, tornando-se um gostoso bate-papo. Ela falou também sobre o gênero crônica, dizendo que “a crônica é o recreio do leitor”.

Fiz duas perguntas, uma delas em tom de brincadeira, mas que teve como objetivo fazer sorrir e refletir. Cora cria gatos. Perguntei se um dos gatos escrevesse uma crônica sobre ela, qual seria o título. Ela respondeu: “Minha ídola ou Nossa empregada”. O cotidiano de Cora Rónai dentro de sua casa, quem melhor sabe são seus gatos.

A Bienal do Livro de Campos prossegue até dia 14/11. A programação completa você pode ver clicando AQUI.

IMG_6898 IMG_6891



LOGO APÓS, NA ARENA CULTURAL…
IMG_6910

… FOI REALIZADO SHOW COM O TALENTOSO ÂNGELO NANI E SUA BANDA, A PARTIR DAS 21 HORAS.

07 novembro 2010

Zuenir e Veríssimo na Bienal do Livro de Campos

 IMG_6844

Luís Fernando Veríssimo e Zuenir Ventura foram as estrelas do terceiro dia da VI Bienal do Livro de Campos, em 07/11. “Crônicas do cotidiano” foi o tema do bate-papo entre os autores mediado pelo jornalista Arthur Dapieve.

Diferente dos primeiros dias do evento, o Café Literário com Veríssimo e Zuenir foi realizado na Arena Cultural Aliás, iniciativa acertadíssima de Avelino Ferreira, diretor da Fundação Cultural Jornalista Oswaldo Lima, pois o espaço antes reservado é bem menor.

Luís Fernando Veríssimo deixou uma mensagem para quem deseja exercitar a escrita: “A gente aprende a escrever, lendo”.

Zuenir Ventura, 79 anos, aconselha que os novos escritores escrevam pelo prazer de escrever e não pensando em publicação de livro, pois, explicou, pode levar muitos à frustração diante da dificuldade de uma editora publicar. Antenado, Zuenir destacou a publicação de textos na internet como alternativa acessível para quem gosta de escrever e quer propagar o que escreve.

O Café Literário com os dois escritores foi excelente. Veríssimo mais contido nas palavras e Ventura mais falante – ambos valorizando o gênero literário “crônica”, falando de suas inspirações e da amizade entre eles que dura 40 anos. Ao final autografaram livros e se deixaram fotografar ao lado de leitores.

Clique AQUI e veja a programação.

IMG_6857
Zuenir Ventura
IMG_6862
Luís Fernando Veríssimo











Fotos: Fátima Nascimento


Educação ambiental na Arena

IMG_6832

IMG_6838







IMG_6840
      
   
      











Cenas da peça “Caeirinho: Carta da Terra” apresentada na VI Bienal do Livro de Campos, no domingo, dia 7, na Arena Cultural. A peça infanto-juvenil levou uma mensagem sobre a necessidade da preservação ambiental.

Fotos: Fátima Nascimento

Paraíso na terra: entre livros e autores

Começou sexta, dia 05, e prossegue até dia 14 de novembro (domingo), a 6a. Bienal do Livro de Campos. No sábado estive no evento, que acontece em plena Praça São Salvador, com entrada franca. Tive a chance de prestigiar três programações do dia. No Café Literário, às 18h, os escritores Ruy Castro e Heloísa Seixas abordaram "A paixão pelos livros".  Ruy tem 20 mil títulos em sua biblioteca e mais de 30 livros publicados, inclusive biográficos. Foi muito legal ouvir este casal de escritores apaixonado por livros e pela escrita. Num certo momento Rui brincou, dizendo: "Quando eu morrer, não vou pro céu, vou pro sebo".

Às 20 horas foi a vez do Botequim Literário, com as presenças de Nelson Motta e ainda Ruy Castro, com a mediação do jornalista Chico de Aguiar. O papo foi sobre a música popular brasileira.  Em seguida, às 21h, na Arena Cultural, um show muito bacana com Rogério Bicudo.

Uma pena que o espaço físico do Café Litetário e Botequim Literário (no mesmo lugar) seja muito pequeno. Muita gente não conseguiu entrar. Uma novidade na Bienal do Livro deste ano está sendo a distribuição de senhas, que começam a ser fornecidas uma hora antes de cada evento. Muitos que chegaram pouco antes do início da programação foram pegos de surpresa, inclusive eu, que tive que "contar" com a desistência de algumas pessoas pra poder entrar.

Pra este domingo, dia 07, a programação noturna é a seguinte:
18h (Café Literário): "Crônicas do cotidiano", com Luís Fernando Veríssimo e Zuenir Ventura, mediação de Arthur Dapieve

20h (Botequim): "Futebol: Copa de 2014 - onde estamos e para onde vamos?", com Péris Ribeiro e Maurício Fonseca, mediação do jornalista Wesley Machado.

21h (Arena Cultural): "Jornada de paz em tempo de guerra".

Se você mora em Campos ou nas proximidades, aproveite! A próxima Bienal do Livro por aqui somente daqui a dois anos, como o próprio nome diz.

Nascimento de um poeta

IMG_1336

Um menino-homem
colhe palavras nas folhas
das árvores

Um homem-menino
rebusca versos
e se faz poeta

Um homem-homem
encontra o que busca
e se perde

O menino-menino
recupera o homem

E se brincam.

(Fátima Nascimento)

06 novembro 2010

Morada nobre

 DSC00109

Ao andar hoje pela cidade de Campos dos Goytacazes/RJ  deparei-me com diversos ipês floridos. Toda vez que vejo um tenho uma vontade tremenda de fotografar, mas nem sempre é possível parar o carro ou estou com uma câmera fotográfica. No caso da imagem acima, há um detalhe a mais: um pombo na árvore e o seu ninho em lugar privilegiado. O zoom da câmera que estava comigo é muito limitado. Mas fica o registro da imagem e do meu encanto.

florido quintal
morada colorida
no ipê
amarela cor
pássaro encantado
que encanta
ninho nobre
na casa de madeira em flor

Textos e foto: Fátima Nascimento 

05 novembro 2010

Busca

roupa nova
sobre a velha
pele

canção moderna
com a letra
de outrora

contemporânea contradição

no afã de encontrar
perde-se o agora
ilusão do futuro
presente no hoje

- Fátima Nascimento -

04 novembro 2010

Cantiga pra dormir

noite adentra
ao som de pássaros

outra música é composta
mas sem som

o sentimento está mudo
numa censura aos sentidos

somente a mente
agora a prevalecer

- Fátima Nascimento -

02 novembro 2010

O intruso noturno

Quase meia noite. Abriu a porta que dava acesso à varanda. Ele estava lá, confortável na cadeira. Disse-lhe palavras repetidas da noite anterior e da anterior àquela. Nada adiantava. Olhava atento pra ela. Nunca foi convidado. Mas isso não tinha importância. Não era necessário  convite para que entrasse onde houvesse passagem para ele. Nas primeiras noites dera-lhe comida. Parecia bem-vindo.

Mas naquele dia estava decidida. Se ele voltasse, daria um jeito naquela situação para que não mais aparecesse. E foi assim que à uma da madrugada, destemida, saiu com ele pelas ruas da cidade. Havia premeditado. Ela o deixaria bem longe da varanda de sua casa, distante de seu olhar compadecido.

Voltou pra casa. Custou a pegar no sono. Uma hora depois foi até a varanda. E lá estava ele outra vez na cadeira. Cansada, nada mais fez naquela noite. Mas se lembrou do ditado que diz que "gato escaldado tem medo de água fria". E já planeja dar um "banho" nele.

O que ele ainda não sabe (e ela teme que descubra) é que dentro de casa mora o Fábio, um frágil passarinho. E o intruso gato pode estar faminto numa próxima "visita".

(Fátima Nascimento)


Obs.: história verdadeira

A banana amadureceu muito?

 IMG_6828

Está no forno. Bolo de banana. Quer a receita? Lá vai.


Os ingredientes são:
16 colheres de farinhas de trigo
10 colheres de açúcar
01 ovo
02 colheres das de sopa de fermento em pó
02 copos de leite
10 bananas cortadas em fatias


Como preparar:
Bata toda a massa no liquidificador (eu uso a batedeira mesmo). Coloque um pouco da massa na forma. Põe a banana já fatiada e em seguida o restante da massa. Polvilhe com canela e leve ao forno previamente aquecido.

* * * * * * * * * * * * * * * * * * * *

Quando as bananas na minha casa amadurecem muito, faço este bolo.
Gosto bastante!

01 novembro 2010

Esforço que compensa

 IMG_6302
Há alguns anos sou convocada pelo TRE a colaborar com a 98a. Zona Eleitoral de Campos. Quando vejo que ao final de 10 horas de dedicação, no mínimo, Mesários e Supervisores estão com sorriso no rosto, apesar de “presos” em pleno domingo (muitas vezes de sol) e do desgaste natural, há em mim uma mistura de alegria e orgulho.

Fico contente porque vejo HUMANIDADE  e orgulhosa pela capacidade de trabalho em equipe, de união em prol de uma eleição que é um ato democrático em nosso país.

Na primeira vez em que trabalhei pra Justiça Eleitoral, ouvi uma chefe de Cartório lamentar não participar naquele ano das eleições, pois estaria de licença maternidade. Ela disse – com tristeza - que não estaria no “dia da festa”. Falou “festa” porque é a celebração da Democracia.

Este ano, diferente das eleições anteriores em que atuei, tive a incumbência de registrar em imagens o trabalho desse pessoal no primeiro e segundo turnos. Assim, fui em todos os locais de votação da 98a ZE. Uma experiência bem bacana, tanto por ser pioneira como pelas lições que a gente aprende no contato com a diversidade humana.

Talvez haja uma exposição com algumas destas fotos. O mais importante, contudo, é a valorização do trabalho dos convocados e o agradecimento que fica a TODOS (funcionários e convocados) que colaboram para a realização do pleito.

Quanto ao resultado das eleições, acompanhe clicando AQUI.

IMG_6812 (2)

Quando o grito interior sai de casa

Em casa, o direito ao berro devia ser universal. Em regra, portas e janelas alheias espreitam, assombradas. É preciso saber muito de si para...