21 outubro 2010

Reconciliação

Resolvi me reconciliar com o texto em prosa. Há algum tempo atenho-me aos poucos versos em poemas e algumas notas curtas sobre um caso ou outro. Imponho-me o desafio de não deixar de exercitar a escrita da poesia, uma vez que o inverso aconteceu. Abracei a poesia e me “separei” da crônica e dos contos. Mas tenho a dizer – em minha defesa – que a leitura dos gêneros continuou, especialmente os textos de Rubem Alves, Fabrício Carpinejar e Clarice Lispector.

Pensando cá com os botões das rosas que tenho na roseira, na poesia estou nas entrelinhas, não me exponho amiúde. Tem que ser um leitor tenaz pra erguer a palavra e ver o que tem debaixo dela; já na crônica é diferente. Escrevo sobre o cotidiano, o que sinto, o que vi ou queria ter visto; relato minhas impressões e angústias pelas mazelas na sociedade; sou intérprete em prosa do que capta o meu olhar.

Da fotografia eu me confesso refém. Porém, fotografo menos do que gostaria. Acredito no impacto da imagem que pode ou não ser conciliada com o texto. Quando a fala se ausenta, a foto conta tão bem o meu encanto ou desencanto. Dia desses cliquei uma cena descabida e de fácil solução, em minha opinião. Ao mostrar centenas de fotos, a tal imagem apareceu. Em seguida veio a ordem – de uma autoridade – para que uma mudança fosse realizada. Não precisei usar as palavras e nem estava à vontade pra isso. A força da imagem foi o bastante.

É isso. Desejo que os leitores já habituados à escrita sucinta neste espaço, permitam-se um tempo um pouco maior por aqui, pra que leiam mais algumas palavras que escorregam pra ponta de meus dedos, caem no teclado e aparecem – como mágica – na tela de seu computador. Se comentarem, então, será um incentivo e tanto.

Como estímulo ao leitor, antecipo que até nas crônicas, artigos e contos sou uma escritora concisa. Escrever um romance seria um desafio DESAFIO pra mim. Quem sabe um dia...

3 comentários:

Caca disse...

Olá , Fátima! Obrigado pela visita. Eu sou um ávido garimpeiro de boa literatura na net. Acho que vou me dar bem aqui. Sua narrativa é uma delícia. Leve, fluida, envolvente, o que torna meu hábito um prazer. Abraços. Paz e bem.

Anônimo disse...

Olá Fátima,

Essa "reconciliação" é mais que bem-vinda!
Nós, seguidores, agradecemos!

Grande beijo!

http://omundoparachamardemeu.blogspot.com/

Splanchnizomai abraçando o amanhã. disse...


Amadinha!
Ainda não havia lido este texto. Ele me escapou... Que coisa...

Mas de uma coisa sei, seus textos sejam prosa ou verso, sempre reconciliam... trazem reconciliação. Incrível isto em suas palavras, querida!

Porque palavras tecem. Tecem mundos tantos que deveriam todas serem de reconciliação.

Sejam seus versos ( sempre dizendo mais que dizem, e muito severamente serenos...), sejam suas prosas, se juntarmos todos, dará um romance de passagem. Sim romance que traz em si todas a histórias por quais você já passou, você já pensou, você nunca procrastinou.

Manamiga, você é uma reconciliadora tão sábia, que eu arriscaria dizer que você anda no Jardim com Ele.

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