31 agosto 2010

Setembro

soldados

  Chega setembro
  Uma flor-riso ilumina
   a face

  Passou agosto
  E que sabor teve
  o dia do soldado?
 




PrimaVERA

Gosto de receber a prima_vera
Em setembro
Visita o jardim do mundo. 
Desabrocha flor, dança a terra 
E o verde sorri entre pétalas.


Texto e Foto: Fátima Nascimento    Local: Corumbá/MS

29 agosto 2010

Bandeira branca

asilo_poesia

Maria
João
Esmeralda
Sílvio
No rosto, espera
No corpo, marcas do caminhar
Tantos rumos para um mesmo lugar
No asilo o tempo é quase parado
Seres com movimentos contidos
falam com olhos
Muitos tecem, na cabeça,
os fios de uma bandeira branca
E pedem paz.


(Texto e foto: Fátima Nascimento)
19.12.09

Verbos na cozinha

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palavra
deveria
ser
lavada
e servida
apenas
quando
bem
limpa
quero
palavras
claras
letras
garrafais
verbos de ação
sujeitos existentes
frases inteiras
que alimentem
meu dia.
 


Foto: Fátima Nascimento         Na escadaria da Biblioteca Nacional, no Rio 

28 agosto 2010

Violeiro pescador

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O violeiro toca
Encanta
Poesia nos acordes
Dedilhar preciso
Batidas suaves
Ao encontro do ser
O violeiro espera
Deseja
Antevê
Miragem no olhar
Sonhos no ar
O violeiro canta
Cantigas de acordar
E adormecer
Voz suave
Tons certos
Repertório eclético
Pra sempre agradar
O violeiro é esperto
Sabe conquistar
Violão a acompanhar
As mãos do violeiro
Que também vê pés
Na estrada nova
Música e poesia
Embalam o caminhar


(Fátima Nascimento)

Foto: Fátima Nascimento

27 agosto 2010

Faminto mar

perna_corte

O mar tem fome.
Devora a concha
a areia
a mim
e você
O mar tem pressa
Inquieto
salgado
arisco.
Entrego-me
Sinto o sabor dum poeta
O mar tem som e versos
Escuto,
leio
saciamo-nos.
O mar sorri e
me lambe.

(Fátima Nascimento)

Sintonia

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Música inaudível
Talvez melodia nova
"Tom" afinado
Ritmo que embala a alma
E alimenta o corpo.
Trilha "sonora" desejada.
Esperança.

(Fátima Nascimento)
 
Foto: Fátima Nascimento   Em Olinda/PE (ao lado da Igreja da Sé)

24 agosto 2010

Pseudomudez















Meu silêncio tem cor
verde do fruto
amarela da estrela
rosa do despertar
prata do satélite
Meu silêncio tem som
vento que assobia
ondas que correm
folhagens entrepassos
Meu silêncio
fala
cessa
desmonta
remonta
constrói
encanta
canta
em duo com o Universo.


(Fátima Nascimento, em 11/07/10)


Foto: Fátima Nascimento      Olinda/PE

23 agosto 2010

O que podemos fazer?

Ao ver, ler e ouvir sobre o episódio ocorrido em São Conrado no sábado 21, o que me vem à mente é a necessidade URGENTE de combater o tráfico de drogas. Não temos força pra inibir o tráfico, mas podemos cuidar de nossos adolescentes e jovens pra que não se tornem usuários ou apoiá-los para que saiam do vício. O tráfico de drogas existe porque há os consumidores de entorpecentes.

Dá pra imaginar o poderio que os traficantes exercem nas comunidades carentes. E ainda a imagem de autoridade que passam para os jovens, que ante à miséria na qual vivem, espelham-se nestes homens, desejando o status que eles têm. E aí tornam-se "soldados" que se alistam neste faz-de-conta da alegria.

A mente e auto-estima das crianças, adolescentes e jovens têm que ser cuidadas.

No livro Pais Brilhantes Professores Fascinantes, o psiquiatra Augusto Cury diz:

"Muitos jovens são agressivos e rebeldes, e seus pais não percebem que eles estão gritando através de seus conflitos. Os comportamentos inadequados muitas vezes são clamores que imploram a presença, o carinho e a atenção dos pais".


O que está ao nosso alcancer fazer? Pensemos nisso e lutemos com as "armas" que temos.

22 agosto 2010

Olhos pra ver

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asas reais não possuo
mas as do avião
me levam ao céu
passeio sobre nuvens
num espaço celestial
contemplo pequeninas casas
pequenos homens
vastos oceanos, rios e lagos
sinto a imensidão do poder de Deus

(Fátima Nascimento)

Foto: Fátima Nascimento 

Tempo para o tempo

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A sabedoria do tempo
O vazio das horas
A partida
A espera
A chegada
O feito em cada momento
O som do vento
O assobio do ar
O movimento do mar
O prateado da lua
Na rua
Na cama
Na rede
Ritmo
Harmonia
O calor do sol
O amanhecer de cada dia.
 
(Fátima Nascimento, em 23.11.09)
 
Foto: Fátima Nascimento      Ipojuca, Porto de Galinhas/PE

21 agosto 2010

Lembranças

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A criança cavalga
segue o homem
vê-se adiante
O homem conduz o animal
molda a criança
vê-se atrás

Um dia foi menino

(Fátima Nascimento)

Foto: Fátima Nascimento    Ipojuca, Porto de Galinhas/PE

20 agosto 2010

Crescimento

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na passagem para o verde
dentro dele
renasço em cores
além árvore
desabrocho flor

(Fátima Nascimento)

Foto: Fátima Nascimento        Bonito, Mato Grosso do Sul

19 agosto 2010

Alicerce

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raízes que se mostram
qual vida em exposição
transparência do ser
mais que simplesmente existir

natureza em construção
- também a do homem -
alicerce fundamental

(Fátima Nascimento)

Foto: Fátima Nascimento  Praia dos Carneiros, Porto de Galinhas/PE

Expressão de artistas

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Souza e sua arte, em Olinda, Pernambuco. O artista plástico pode ser encontrado nos arredores da Igreja da Sé.

Foto: Fátima Nascimento    Olinda/PE


A magia da poesia
A magia da poesia
é encher a lua vazia
aproximar o tempo distante
chorar nos ombros da alegria
eternizar um mínimo instante.

(Fabio Rocha)

Mais poemas de Fabio Rocha em seu blog. Navegue.

18 agosto 2010

Espelho

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duplicidades
de nuvens
de árvores
de céu
natureza se reflete
espelho do Criador

Foto: Fátima Nascimento  Local: Porto de Galinhas, Ipojuca/PE

17 agosto 2010

Deleite da infância

Os cabelos grisalhos de meu pai não encabulam minha peraltice; celebram a vida. Que o tempo não cale a ternura e não intimide os sonhos (realizados e renascidos).

paiQuando eu tinha 13 anos de idade, ele  me disse, preocupado, que não gostaria que eu presenciasse discussões familiares. Temia que eu repetisse tais comportamentos em minha vida.

Naquela ocasião, com uma sabedoria infantil, eu lhe disse: – Eu sei como não deve ser; o que não quero pra mim.

Naquele mesmo dia, pela primeira vez, vi meu pai chorar.

Há poucos dias conversava com um grupo de homens e compartilhamos a crônica “Criança adormecida”, escrita por mim em 2004. Debatemos algumas ideias daquele texto.

Um deles, entre 45 e 55 anos, disse que não teve infância e nem adolescência. Outros falaram de más companhias que tiveram, da falta de atenção dos pais. E ainda houve quem disse ter uma família “bacana”, com recurso financeiro, mas era infeliz.

A nossa reflexão foi excelente. Vejo naquelas pessoas sementes sendo germinadas. Um jardim cultivado para que sejam colhidas e repartidas “flores” que estão tomando consciência de seus limites, mas também de sua força.
 
Onde foi parar a criança que um dia você foi? A criança destemida, a que esbravejava diante de uma “injustiça”, a que era amável, a que sonhava?

Não dá pra ter a ingenuidade de outrora, mas podemos resgatar a alegria da juventude e a autenticidade terna da infância.

16 agosto 2010

Submersos

 Bonito - 2009 025

flutua-se no rio
naufragam ideias
cabeças água abaixo

Foto: Fátima Nascimento        Rio da Prata, em Bonito/MS

15 agosto 2010

Só riso

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jacaré sorri
no Pantanal
do Mato Grosso do Sul

respondo, qual criança,
com a alegria do clique

harmonizo-me

Foto: Fátima Nascimento  Local: Pantanal-MS

Imaginação

menino

o menino desenha
papel areia
mar borracha
persistência da esperança

círculo
sol?
lua cheia?
planeta terra

o menino constrói
sob o sol

vida e imagem

(Fátima Nascimento)



Foto: Fátima Nascimento  Praia de Grussaí, São João da Barra/RJ

14 agosto 2010

Pacíficas

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garças no céu
             a paz tem asas
                     e pousa em mim

Foto: Fátima Nascimento

Concretamente

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verde respira no cinza
                      cimento
                      areia
                      pedra britada
                      água
sobrevive gente no concreto


Foto: Fátima Nascimento    Av.  Nossa Senhora de Copacabana, Rio de Janeiro

Nascimento




















gestação de rosa
em varanda
urbano-útero

fértil terra no vaso de cimento
cresce flor-menina
filha alegra
em toda estação

o botão vai abrir
uma rosa, surgir
variação de cores
no tom da natureza

sorriso desabrocha


Texto e foto: Fátima Nascimento

13 agosto 2010

Arborismo



















escada
conduz ao alto

lá em cima,
abraço
quase nó

enamoramento

unimo-nos
à natureza

que seja eterno o enlace


Foto: Fátima Nascimento  Local: Bonito, Mato Grosso do Sul

12 agosto 2010

Até quando?














gente da nossa gente
brasileiro
despatrializado
quase deSERto
de esperança
semelhante
NOSSO
um cidadão


Foto: Fátima Nascimento       Local: Avenida Rio Branco, Rio de Janeiro/RJ

11 agosto 2010

Sentimento



















Às vezes
é preciso calar
para ouvir
a própria voz
e observar melhor
sentir mais
entender que o som
pode ser "mudo"
quase indecifrável.

(Fátima Nascimento)
 
 
Foto: Fátima Nascimento Local: Lagoa de Cima, em Campos/RJ

O conselheiro


Foi numa tarde à beira-mar que a vi. Ela contemplava o horizonte e se emocionava com o vai e vem das ondas. A mulher parecia dialogar com o mar. Pude ouvir algumas de suas palavras.

Dizia, definindo-se, que era uma pessoa “incerta”, dúvidas vestiam-na. Fiquei curiosa com o discurso daquela mulher. De repente, disse bem alto:

- Não vou abrir mão do que gosto!

O mar, que estava calmo, ficou agitado. Mas durou pouco tempo. Novamente sereno, uma voz ecoou da imensa água.

- Minha amiga, a vida e o tempo são generosos contigo... Olhe ao seu redor... Veja suas conquistas... Não cubra os olhos... Esteja alerta... Não despreze sua intuição... Não construa problemas... Não crie “fantasmas”! Quem disse que tem que abdicar do que tanto gosta? Será que não é você quem está se dizendo isso?

Ao ouvir aquele papo mulher-mar, senti-me uma pérola fora da concha; um céu sem nuvem; uma música sem som. Não conhecia a história.

O conselho do mar, decerto, foi útil àquela mulher. E me servirá para que “fantasmas” não me impeçam de caminhar.

(Fátima Nascimento)
 
 
Foto: Fátima Nascimento   Local: Praia de Copacabana, Rio de Janeiro/RJ

10 agosto 2010

Vergonha



















ocaso
acasos
pouco caso
nas ruas do Rio
mas podia ser em São Paulo
ou no centro-oeste do país
perto do Poder raiz
tantos ais
pouco doce
muito fel
a vergonha
do colchão de concreto

(Fátima Nascimento)


Cena flagrada no Rio de Janeiro.    Foto: Fátima Nascimento

Travessia
















Na faixa
opostos passos
ou sintonia
atravessar
travessuras
mudança
ou não
não pare na pista
perigo
seguir
voltar
viver
ou semi-viver
motores em som
buzinas em grito
nas esquinas,
os sinais
como você lê?

(Fátima Nascimento)

09 agosto 2010

Apelo



novo rumo
longe
noutro lugar
dentro, a mesma
menina inquieta
que não morra
renasça em cada lugar
luz que brilhe
em mim
vinda do Pai
é o que desejo.

(Fátima Nascimento)

Manoel de Barros, o poeta, disse: "Quando eu crescer, vou ficar criança". Manoel, eu também!

08 agosto 2010

Temperança

Cultivo
sorrisos de criança
e sementes de ternura
no tempo.
Colheitas no presente.


Quando o grito interior sai de casa

Em casa, o direito ao berro devia ser universal. Em regra, portas e janelas alheias espreitam, assombradas. É preciso saber muito de si para...