02 maio 2006

O mar como testemunha


Hora de escrever. Busco na memória cenas que chamaram minha atenção nos últimos dias. Uma delas vem em primeiro lugar. Num dia de descanso, sem trabalho, fora de casa e da cidade, o sol me convidou a ir ao encontro do mar.

Em dia de praia quase deserta o melhor é ficar perto de pessoas que estejam em família, tipo pai e mãe com criança. É mais seguro. Quem curte praia e natureza preza a brisa suave, o aroma típico de praia. Mas naquele dia estava diferente.

Enquanto eu caminhava e observava em derredor da praia em busca do lugar adequado pra me acomodar, o vento foi portador de um cheiro que não combina com o mar, o sol, a brisa agradável de uma orla marítima. Dois rapazes faziam uso de alucinógeno. Fumavam maconha na beira-mar.

Que alucinações poderiam ser melhores que a realidade da beleza do mar, do sol esplendoroso, da calmaria de uma praia com pouca gente? Seus corpos estavam ali, mas a cabeça deles devia estar longe. Entraram no mar, talvez com tubarões em seus pensamentos.

Após algum tempo sentada, fui caminhar e correr. Eles tinham ido embora quando voltei. A praia estava ainda mais vazia. O pai, a mãe e a criança continuavam no mesmo lugar. Não sei se viram o que ocorria há poucos metros donde estavam.

Não precisamos perder a razão com alucinógenos. Mas manter a mente sã pra transformar sonhos em realidade. Leonardo Boff, no livro Ética da Vida, diz que o coração humano, não possui apenas fome de pão, “mas principalmente fome de sentido, de acolhida, de espiritualidade e de Deus”. Fomes estas não saciadas com drogas.
Texto e foto de Fátima Nascimento - Jornal Monitor Campista, 11/04/2006

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