16 maio 2006

Alegria e ilusão no país do futebol

Vinte e quatro dias. É o tempo que nos separa da décima oitava edição da Copa do Mundo. Daqui a 576 horas a bola estará prestes a rolar no campo. A euforia tomará conta do povo. Por um tempo não se dará muita importância ao que ocorre no Congresso Nacional, nos Poderes Executivos e nas Assembléias Legislativas, apesar das eleições pra presidente, senadores, deputados federais e estaduais em outubro.

Tem sido assim. A cada quatro anos o brasileiro se deixa envolver pelo futebol, embora não tão-arte como outrora. Ouço torcedores preocupados com a possibilidade de perderem os jogos. A primeira partida do Brasil será às quatro da tarde de uma terça-feira, 13 de junho. Mas este obstáculo deverá ser driblado com televisores nos locais de trabalho ou expedientes mais curtos. Enfim, o dito país do futebol estará voltado pra bola. Nestas horas cabe bem a expressão de que “o mundo é redondo”.

Por mais que o futebol ainda encante, não há o mesmo glamour de antigamente, seja pelo que é mostrado em campo ou pela forma como os jogadores encaram o ofício. O passe está mais valorizado. O “amor à camisa” foi substituído pelo amor às cifras que o time pode oferecer. Sem falar nas brigas em campo, entre torcedores, entre jogadores e entre torcedores e jogadores. Na disputa ganham os que enchem os bolsos. E não somos nós.

O resultado da Copa do Mundo ou de qualquer outra competição em nada altera a minha vida profissional e a de quase todos. Contudo, desejo a vitória do nosso país. Gosto da alegria contagiante no rosto do povo; da bandeira nos carros, em sacadas de casas, varandas de apartamentos. Gosto das bandeirinhas verde-amarelas nas ruas e também das buzinas que lembram que é dia de jogo. Gosto da voz uníssona de um canto a outro do país.

Como num passe de mágica, quando a seleção brasileira está em campo, não faz diferença se a torcida é da favela ou da área nobre. Não importa se temos uma guerra civil na vida real. Todos temos o direito de sonhar. Desejo tão igual: queremos gols. Todos temos o direito de experimentar a alegria. Parafraseando Vinícius de Moraes, e que seja eterna (a alegria) enquanto durar a Copa, pelo menos.

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