Baú de sentimentos O
baú está cheio. Uma mistura de coisas boas e ruins em um pequeno espaço. Tampa pesada e chave perdida. Não se consegue abri-lo pra deixar ir embora o que não traz boa recordação. Muitas pessoas seguem levando o baú nas costas durante anos. Têm medo de arrebentar a fechadura. Temem encontrar a alegria de outrora e comparar ao que têm hoje. O baú, para muitos, é um fardo; para outros, um conselheiro.
Estar preso ao passado, não é bom. Tirar lições para o presente e futuro, aí, sim, vale a pena. Mas não é comum. Há os que olham para trás e crucificam os outros pela tristeza que sentem e existem os que culpam a si mesmos. Relacionamentos mal-sucedidos, oportunidades de trabalho perdidas, amizades rompidas, maldades feitas e sentidas – tudo no baú; ou fora dele, mas, acreditam, conseqüência do que está lá.
O baú está trancado. Alguém disse que a pessoa que o faria feliz ficou no passado. E esta dita certeza não o deixa ver alegria no que pôde experimentar ao longo dos anos. A vida não é um conto de fadas ou uma novela com diversos finais gravados. Em vários momentos temos escolhas a fazer. Precisamos assumir nossas opções. Enquanto você culpa o passado ou chora por ele, o presente está indo embora e ficando pra trás também.
Se necessário, abra o baú. Se estiver em tempo, resgate algo de bom que esteja lá dentro e se permita ousar. Tome uma atitude positiva. Eu não sei o que já tem no seu baú. Mas estou certa de que o mais antigo deve ficar no fundo e ser remexido tão somente pra contribuir para um amanhã melhor. Os erros de outrora podem ser nossos professores hoje. Chega de chorar pelo leite derramado. Tiremos proveito do leite que sobrou.
Foto by Fátima Nascimento